Nos anos 80 e 90 não era tão forte quanto hoje a cultura de séries de TV no Brasil. Claro, havia a série anual de início de ano da Globo, que passava tarde da noite, às vezes mais curta, às vezes durava dois meses. Lembro de ver trechos de algumas no início dos anos 90 e mais fielmente no final da década. Tinha também alguns programas mais prolongados, que de certa forma funcionavam como uma série, como Armação Ilimitada.
Também havia exibição na TV aberta de seriados dos EUA, muitas vezes nas férias ou aos domingos. Alf era um clássico, MacGyver e Punky também. Não vou entrar no mérito das animações, porque a lógica é parecida mas aí sim a cultura já era forte.
Eu me recordo muito de quando passava na Globo As Aventuras de Lois & Clark, aquela série do Superman com a Teri Hatcher de Lois Lane. Lembro também de Buffy, de Plantão Médico e, claro, de Barrados no Baile, que foi uma febre!
Mas acho que a primeira série que lembro de me fisgar de verdade foi Dawson’s Creek. Minha idade era próxima à dos personagens e tinha dramas juvenis que me cativaram e me deixaram curioso. Mas eu não tinha TV a cabo e a Globo era muito irregular com as séries. Exibia uma ou duas temporadas e parava.
Então só por volta de 2004 e 2005 que eu de fato comecei a ir atrás de séries que me interessavam. Entre 2005 e 2007 assisti Dawson’s Creek e Gilmore Girls completas. Virei fã. E decidi que esse era o meu estilo de série favorito, aquele focado em relacionamentos.
Mas a partir de 2007 passei a ter mais acesso a banda larga, a TV a cabo, e durante alguns anos assisti a muitas séries da época: Dexter, Heroes, True Blood, The Big Bang Theory, Gossip Girl, Fringe e outras. Até maratonei Lost para ver o final com todo mundo. E vi Six Feet Under, que se tornou uma das minhas favoritas!
Vi Community, Parenthood, algumas temporadas de Glee e, claro, teve a época de The Walking Dead e Game of Thrones. Não posso esquecer de Breaking Bad, maravilhosa. E as séries de streaming, muitas e variadas. Mas eu comecei a me interessar mais por Ficção Científica nos últimos anos, iniciando nessa jornada de Star Trek em 2018 e vendo outras séries do estilo, como Westworld, The Expanse, For All Mankind, Fundação, Silo, etc.
Não vejo muitas séries de comédia, infelizmente não sou uma pessoa de riso fácil. Também não sou adorador das de terror, embora até tenha vontade de ver uma ou outra, só despriorizo. Também tenho uma lista de pendências gigantesca, de clássicos absolutos como Sopranos, Mad Men ou The Wire, mas também passando por séries como Felicity, que têm probabilidade alta de eu gostar.
Atualmente tenho preferido alternar uma temporada de Star Trek com temporadas de séries mais curtas ou minisséries. Tenho dado preferência a dramas ou Sci-Fi e gosto especialmente quando os dois elementos são bem balanceados.
E vocês, como escolhem suas séries para assistir? Quais as favoritas?
Um Filme: Guerra Civil
O roteirista e diretor Alex Garland tem uma carreira meio irregular. Como diretor eu ainda não vi Men, mas este Guerra Civil fica um pouco abaixo de Aniquilação e Ex-Machina e da série Devs. O que não quer dizer que não seja um filme interessante. É eficaz especialmente na construção da tensão, na concepção dos personagens e ao trazer essas imagens de destruição direto pras paisagens dos EUA, provavelmente chocando espectadores do país. O elenco se destaca, em especial a Kirsten Dunst e seus olhar amargurado de quem está há muitos anos presenciando morte e destruição como fotojornalista de guerra.
Leia a minha opinião completa sobre o filme no Letterboxd: Guerra Civil
Onde ver: Cinemas
Outros filmes que vi recentemente:
Retorno a Howard’s End (Mubi)
Um Livro: Número Zero, de Umberto Eco
O filósofo e ensaísta italiano Umberto Eco escreveu 7 romances (fora alguns livros infantis) ao longo de sua vasta carreira, começando com o mais famoso, O Nome da Rosa, e terminando com este Número Zero, publicado em 2015, cerca de um ano antes de seu falecimento. O texto é gostoso de ler, com prosa fluida e um humor sutil que permeia principalmente a questão do jornal e as propostas de matérias feitas pelos personagens. Entretanto, tem um personagem que é adepto de uma teoria da conspiração e, ao falar disso, ele se alonga em demasiado, dando vazão a páginas e mais páginas aborrecidas. Mas ainda assim é uma leitura divertida.
Leia a minha opinião completa sobre o livro no Goodreads: Número Zero
Uma Série: O Problema dos 3 Corpos
Eu li apenas o primeiro volume da trilogia de livros do Cixin Liu, que achei muito interessante em termos das ideias apresentadas mas não tão empolgante no que diz respeito à narrativa. Os personagens são meio qualquer coisa e ao final não fiquei empolgado para emendar nas continuações. Pode ser que eu ainda leia, mas não tenho pressa. Então quando anunciaram uma série da Netflix e dos showrunners de Game of Thrones, minha expectativa começou bem baixa.
A série atravessa o primeiro livro e já entra no segundo. Eu gostei de alguns pontos, especialmente do ambiente virtual do jogo e de rever a Keiko O’Brien de Star Trek, no caso a atriz Rosalind Chao, que faz a Ye Wenjie na série, que por sinal é a única personagem que realmente me interessou no livro. Infelizmente, o papel dela é reduzido na série, para focar mais no presente. Também adiantam alguns personagens do segundo livro, pelo que entendi, e dividem outros em mais de um. Eu até entendo a ocidentalização de parte da história, não me incomoda muito. Mas os tais cientistas promissores da série são personagens mal desenvolvidos e em geral interpretados por atores ruins. Devo assistir ainda a uma eventual segunda temporada, mais por curiosidade pelos rumos da história. Mas ainda torço para que consigam trabalhar melhor o desenvolvimento dos personagens.
Onde ver: Netflix
Um Podcast: UOL Prime 14 - O vício em Zolpidem, a droga do sono
Há muitos anos ouço falar que o Rivotril é um medicamento fartamente consumido no Brasil, inclusive sendo prescrito com pouco critério, apesar de ter tarja preta. Contudo, este episódio do podcast UOL Prime, que trata de reportagens específicas do UOL, me deixou muito chocado ao apresentar a realidade do Zolpidem. Assim como no caso do Rivotril, o Zolpidem é muito receitado no país, mas com dois agravantes: só é tarja preta na dosagem mais alta, as demais não são; e tem efeitos iniciais alucinógenos. Então tem muita gente tomando para sentir barato. E isso está desencadeando um comportamento quase epidêmico. O podcast é ótimo ao apresentar a investigação.
Ouçam no seu agregador favorito ou no link abaixo:
Uma Newsletter: Bitterzoet - Meu doutorado e o fim do Twitter: um ensaio sobre como ficção científica, tecnocracia e Elon Musk se conectam, por Buca
A Buca tinha uma newsletter sobre a vida na Holanda, mas após voltar ao Brasil começou a diversificar os temas, chegando assim a esta edição, na qual traça paralelos sobre os movimentos iniciais da Ficção Científica no Século XX e o comportamento do Elon Musk, um admirador da tecnocracia. Eu fiquei fascinado com os detalhes e a estrutura do ensaio. É uma edição um pouco mais longa mas imperdível.
Leiam:
Já fazia algum tempo que eu estava para perguntar, mas como você tocou no assunto e não conheço pessoa mais indicada (louca da listas), lá vai: qual a melhor ordem para ver ou as melhores temporadas de Star Trek? Comecei pelo início cronológico de produção, mas confesso que estou achando um pouco puxado...