No dia dois de junho de 2024 eu fui ao Cabo Canaveral. Aquele mesmo de onde a NASA lançou os foguetes do projeto Apollo. Visitei o Kennedy Space Center, que tem hoje um grande centro turístico, uma espécie de museu do espaço, mas também segue funcional, contando com o imenso Vehicle Assembly Building, prédio dentro do qual são construídas espaçonaves, e vários locais de lançamento, inclusive alguns utilizados pela SpaceX e pela Blue Origin.
Antes mesmo da entrada já é possível ver o famoso globo que é o símbolo da agência espacial estadunidense e logo atrás um telão curvo que, dependendo do ângulo, oferece uma sensação tridimensional. Filas para entrada e uma inspeção cuidadosa nas mochilas, além do raio-x, claro.
Após os portões a atenção do visitante será tomada pelo Rocket Garden, uma área com vários foguetes conhecidos da história da NASA, nunca usados. Dá para tirar fotos inclusive em alguns dos módulos e cápsulas idênticos aos usados pelos astronautas. Um dos foguetes é o último Saturn 1B existente, gigantesco.
Ao lado do Rocket Garden há um prédio com memorial e Hall da Fama dos astronautas, uma das únicas atrações que acabei não visitando, um pouco porque faltou tempo, um pouco pelo cansaço. Do outro lado do jardim, o Gateway oferece um vislumbre da exploração espacial atual, com módulos modernos, trajes, foguetes, inclusive simuladores, da Boeing, da SpaceX e da Blue Origin, não só da NASA.
Dentro do Gateway há também a exibição de 4 pequenos filmes numa experiência meio 4D. Eu assisti a um sobre Marte, e tínhamos que prender bem os cintos, tirar tudo dos bolsos e as poltronas iam para frente, onde a parede se abria e nos deixava meio que pendurados com tela para todos os lados, assistindo a uma simulação de voo no Planeta Vermelho.
O prédio vizinho comporta um cinema IMAX que alterna dois filmes. Vi apenas Space: The New Frontier, que aborda a relação dos humanos com a corrida espacial há 50 anos e agora, com potenciais revoluções tecnológicas possibilitando alcançar feitos inimagináveis.
No fundo do IMAX há um memorial para os astronautas falecidos e em seguida o pavilhão Atlantis, que comporta o ônibus espacial Atlantis de verdade, além de contar a trajetória dos ônibus espaciais, as viagens para a construção da ISS, do lançamento do Hubble e também os acidentes fatais da Challenger e da Columbia.
A atração que mais gostei foi o passeio de ônibus, que nos leva pela área funcional da NASA, passa ao lado do Vehicle Assembly Building, e nos deixa no centro Apollo/Saturn V. A visita começa com uma reprodução inacreditável do lançamento da Apollo VIII, com o centro de controle original e seus displays e computadores reproduzindo exatamente o que os funcionários viram no dia, e o telão exibindo o lançamento. Me senti nas poltronas de visitantes iguais às exibidas na série For All Mankind.
![Um salão comprido, com chão cinzento com algumas faixas amarelas e uma estrutura de sustentação azul segura o foguete Saturn V deitado, numa altura em que podemos andar embaixo dele. Dá para ver as turbinas de trás e que é muito comprido. Um salão comprido, com chão cinzento com algumas faixas amarelas e uma estrutura de sustentação azul segura o foguete Saturn V deitado, numa altura em que podemos andar embaixo dele. Dá para ver as turbinas de trás e que é muito comprido.](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2Fa7983dfd-e6df-4b31-a970-1c29f9375e57_1920x2560.jpeg)
Após esta reprodução o visitante sai de cara com um foguete Saturn V de verdade, com seus 111 metros de extensão, idêntico aos que levaram as seis missões Apollo que pousaram na Lua. O hall é uma celebração do projeto Apollo, com memorabília verdadeira de seus integrantes e dos artefatos das missões.
Falta ao Kennedy Space Center uma variedade culinária melhor. Eu já havia lido que nenhum restaurante era bom, mas quando achei que estava fugindo de um sanduíche ruim, caí em outro muito esquisito que só quebrou um galho.
Mas foi um passeio inesquecível, uma oportunidade que surgiu em uma viagem de trabalho. Sim, eu fui a um evento de tecnologia em Orlando, que foi muito cansativo, mas deu pra aproveitar, de certo modo, especialmente nesta visita ao Kennedy Space Center.
Alguém já foi? Gostou de algo em particular? Visitou outros centros da NASA em Washington ou Houston?
![Um pedestal de tijolos acinzentados e em cima as esculturas dos três astronautas da Apollo 11. Todos com o capacete na mão, Neil acenando e Buzz segurando a bandeira dos EUA. Ao fundo dá pra ver um céu azul e árvores. Um pedestal de tijolos acinzentados e em cima as esculturas dos três astronautas da Apollo 11. Todos com o capacete na mão, Neil acenando e Buzz segurando a bandeira dos EUA. Ao fundo dá pra ver um céu azul e árvores.](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F80f87995-98f3-4fd0-8697-7e4e6e2358ad_1920x2560.jpeg)
Um Filme: Furiosa: Uma Saga Mad Max
Furiosa só não é o mais diferente dos cinco longas da franquia Mad Max porque o primeiro consegue destoar mais. Mas, embora siga exatamente o mesmo estilo visual de deserto e perseguições que os três filmes intermediários, difere destes por ser calcado em uma história com começo e meio (o fim está em Estrada da Fúria). Não que os outros não tivessem história, mas aqui a trama é o principal, com uma única personagem no centro e envelhecendo ao longo de uns dez anos. Nada disso é um demérito para o filme, apenas uma questão de ajustar as expectativas de quem estava esperando algo muito mais próximo a Estrada da Fúria. Furiosa é bem menos incessante, sobrando tempo para o elenco se destacar um pouco mais. A personagem segue fascinante. Taylor-Joy não é Theron, mas faz um bom trabalho.
Leia a minha opinião completa sobre o filme no Letterboxd: Furiosa: Uma Saga Mad Max
Onde ver: Cinemas
Um Livro: Estação Onze, de Emily St. John Mandel, com tradução de Rubens Figueiredo
O que mais me impressionou em Estação Onze foi minha dificuldade de decidir se gostei mais do livro ou da minissérie da HBO que o adapta. Há diferenças entre as duas abordagens e elas meio que se complementam. O estilo de Mandel é um bom meio termo entre um cuidado com as palavras e com a construção das sentenças e a fluidez e leveza dos parágrafos. Se há algo que pode confundir um leitor desavisado é o lá e cá no tempo e nos personagens, não alguma dificuldade nas frases. Devo frisar que li a tradução brasileira, mas posso imaginar que esse aspecto tenha sido bem transposto do inglês. O grande destaque é Kirsten, que mais se aproxima de ser uma protagonista na história. A defesa da arte como essencial também ressoa na pandemia de Covid-19.
Leia a minha opinião completa sobre o livro no Goodreads: Estação Onze
Um Podcast: Intervalo de Confiança 221 - É possível prever desastres?
O host Igor Alcantara recebe Vitor Augusto Ferreira para uma discussão sobre desastres socioambientais como o acontecido no Rio Grande do Sul e de como é possível prever com um grau razoável de possibilidade que catástrofes assim vão acontecer.
Ouça no seu agregador favorito ou no link abaixo:
https://intervalodeconfianca.com.br/2024/05/23/ic-221-e-possivel-prever-desastres/
Uma Newsletter: Mercúrio em Peixes - A Cidade e suas Águas. por Thiago Ambrósio Lage
Em homenagem ao aniversário da cidade que o adotou, Palmas, o Thiago publicou nesta edição da Mercúrio em Peixes um conto sobre cidades e seus corpos d’água, ressoando um pouco com Nós Somos a Cidade, da N.K. Jemisin, e também com alguns filmes do Estúdio Ghibli. A publicação é oportuna num momento em que o Guaíba e seus afluentes foram os veículos da água que devastou parte do Rio Grande do Sul.
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