Há alguns dias atrás eu estive em Las Vegas. Surgiu a oportunidade através do meu trabalho e eu topei. Vegas passaria longe dos meus destinos de interesse quando falamos dos EUA. Nova York, São Francisco, Nova Orleans… são bem mais a minha praia. Mas lidamos com o que está à disposição, não é mesmo?
Então fui. E foi, de certa forma, surreal. Claro, tem uma Las Vegas dos moradores, que fica principalmente mais a oeste da parte famosa da cidade e que eu não visitei. O máximo que cheguei foi numa região universitária, mas de resto me ative a dois principais lugares: Downtown (o centro antigo) e a Strip, que é o nome popular da Las Vegas Boulevard, uma avenida comprida repleta de cassinos e shoppings dos dois lados.
Downtown já não é tão visitada, mas contempla principalmente a Frémont Street, que é a rua dos primeiros cassinos de Las Vegas e hoje é uma região mais alternativa, com artistas de rua, pessoas de mais cores e variedades que a massa turística da Strip. Em anos mais recentes cobriram parte da rua com um telão moderno que fica construindo uma espécie de show de projeções. Também há três pequenos palcos onde bandas se revezam nas noites. Eu, particularmente, adorei essa parte da cidade, mais original e com personalidade própria.
Ainda em Downtown, Vegas abriga o The Mob Museum, um museu dedicado à história da Máfia nos EUA e de como Vegas foi usada durante um tempo como refúgio de grandes mafiosos. O ingresso não é barato (nada em Las Vegas é) mas a exposição é muito completa, com inúmeros vídeos e áudios antigos e é possível ficar horas estudando os detalhes dessa parte da história do país.
Mas a fama da cidade vem mesmo da Strip, com seus hotéis gigantescos e temáticos e os cassinos que jamais param. A Strip começa na famosa placa “Welcome to Fabulous Las Vegas”, que tem uma fila imensa para fotografar (fila essa que eu não pegaria se a pessoa que viajou comigo não tivesse insistido, e compensou), e segue pelos hotéis Mandalay Bay, Luxor, Excalibur, Tropicana, New York-New York, MGM Grand, Park MGM, Aria, Cosmopolitan, Bellagio, Ceasars, Paris Las Vegas e mais outro tanto destes até o STRAT, que encerra a avenida.
Vários destes hotéis são dos mesmos grupos, então a avenida é feita de forma a lhe forçar a passar por dentro deles. Todos têm acesso aberto, qualquer pessoa pode entrar, afinal os cassinos lhe aguardam. Então você sai de um hotel e cai em alguma passarela que atravessa a rua para outro hotel. Em alguns trechos é possível andar pelas ruas em si, mas em outros não, só por cima. Também há casos em que um pequeno shopping liga um hotel ao outro, como ocorre entre o Mandalay e o Luxor. Os caminhos dentro dos hotéis também tentam lhe levar ao cassino. Por sua vez, os cassinos são todos muito parecidos. As mesmas máquinas, mesas de carteado e carpetes imensos, diferenciados apenas pela padronagem do tecido. É fácil se perder. Cada hotel possui ainda restaurantes, bares, boates, lojas, centros de convenções e exposições das mais variadas. Normalmente ainda há teatros para espetáculos como os do Cirque du Soleil ou shows de artistas famosos.
Como eu estava em um congresso dentro de um destes hotéis e hospedado em outro, vizinho, depois de alguns dias você começa a perder a noção de dia ou noite, porque você passa de um hotel ao outro pela área coberta e faz tudo ali dentro, todas as refeições, os passeios, são nas áreas internas. Mas felizmente deu tempo de circular um pouco pela cidade, ver a famosa fonte do Bellagio e o Jardim do Éden, dentro do mesmo hotel, além de vários outros pontos famosos.

É impressionante o movimento de pessoas. Las Vegas tem cerca de 150 mil quartos de hotel. Os hotéis são gigantescos e cada um tem sua peculiaridade, embora os cassinos sejam similares. E durante esses dias eu não vi lugares vazios, a qualquer hora do dia ou da noite tem gente jogando nos cassinos, andando nas ruas, bebendo nos bares e dançando nas boates.
Porém, restou a impressão de que é uma cidade de plástico. É quase como ir a um parque de diversões realmente grande. É bacana, tem muita coisa colorida e atrações variadas. Tudo é muito caro. Mas é tudo faz-de-conta, tal qual as princesas da Disney em Orlando. Só em Downtown que eu senti que havia uma cidade real, a Strip é o parque. E eu não sou grande fã de parque de diversões. Mas as fotos ficaram legais, isso sim.
E você, conhece Las Vegas? Gosta da cidade? Deseja conhecer?
Um Filme: O Tempo com Você
Há muitos anos atrás eu não perdia uma chance de ver animes. Quando não eram tão acessíveis e numerosos como hoje. É bem raro eu assistir séries em anime atualmente, mas filmes de vez em quando encaro algum. Este O Tempo com Você é mais um do Makoto Shinkai, do badalado Your Name, e segue o mesmo padrão. Mas a história é fofa, os personagens são legais e no final você termina torcendo para que tudo corra bem.
Leia a minha opinião completa sobre o filme no Letterboxd: O Tempo com Você
Onde ver: Amazon Prime Video
Outros filmes que vi recentemente:
007 - O Mundo não é o Bastante (Amazon Prime Video)
A Crônica Francesa (Star+)
Um Livro: A Closed and Common Orbit, de Becky Chambers
Quando ouvi falar dessa série de space operas da Becky Chambers chamada Wayfarers, pensei que os livros seriam continuações mais diretas um do outro. Mas desde o primeiro, A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil, fui surpreendido pela natureza episódica. Há uma história maior acontecendo, mas cada capítulo traz uma espécie de conto, na maior parte das vezes com enfoque maior em um dos membros da tripulação. Já este segundo volume apresenta duas histórias em alternância, focadas em duas personagens que têm caráter secundário no primeiro livro. E aqueles que aprendemos a gostar não aparecem.
Mas este de maneira alguma é um demérito, já que as histórias de Sidra e Pepper são muito envolventes. Chambers se preocupa menos com worldbuilding e mais com a trama dessa vez, e funciona. A forma como as tramas se complementam é um toque de mestre.
Leia a minha opinião completa no Goodreads: A Closed and Common Orbit
Uma Série: The Mandalorian, 3ª Temporada
Esta terceira temporada foi bem mais irregular que as duas primeiras. Com o encerramento da segunda, seria difícil continuar da mesma maneira, mesmo com a minissérie do Boba Fett desfazendo um pouco da conclusão. Então o foco aqui é outro. The Mandalorian se torna nessa temporada sobre os mandalorianos de maneira mais abrangente e não só sobre Mando e Grogu. Eu gosto bastante de Bo-Katan, então esse não foi o grande problema e sim a falta de rumo mesmo.
Alguns dos episódios foram ótimos, outros não levaram a nada. E ao final eu acho que tudo teria funcionado melhor sem desfazerem o encerramento do arco da segunda temporada. O Baby Yoda é muito fofo, mas é insuficiente para um personagem que era tão relevante estar lá apenas pela sua fofura.
A verdade é que o legado de Star Wars em geral está meio perdido desde o fracasso do Episódio IX. Resta torcer para que alguns dos novos produtos funcionem, como aconteceu com Andor.
Um Podcast: Xadrez Verbal
Há quase sete anos eu ouço semanal e religiosamente o Xadrez Verbal, que é um podcast de política internacional. É sempre impressionante a quantidade de notícias que o programa apresenta sobre países que são esquecidos pela mídia mais tradicional, desde o resultado de eleições parlamentares na Nigéria aos problemas que o aumento do nível dos oceanos leva a Vanuatu.
Como grande curioso fui fisgado logo de cara e hoje não perco nenhum programa e ainda vibro quando sai um particularmente longo. E sim, os episódios são bem extensos, normalmente girando entre 3h e 4h, mas podendo chegar a 5h ou um pouco mais. Mas o programa é dividido em blocos e a minutagem destes é registrada no site, então dá pra ir ouvindo aos poucos. Como sai na manhã de sábado e costuma ser o dia que vou ao mercado e que cozinho e às vezes ainda faço alguma faxina, acontece com frequência de eu ouvi-lo inteiro ainda no sábado.
Eu recomendo que deem uma chance, o meu sonho era que houvesse um semanário de notícias nacionais no mesmo formato. O último programa foi diferente porque um dos hosts estava viajando na gravação, então foi bem mais curto: https://xadrezverbal.com/2023/04/28/xadrez-verbal-podcast-333-de-ierevan-a-assuncao/
Uma Newsletter: Às vezes eu falo, por Fernanda Castro
A Fernanda Castro é uma das grandes revelações recentes da Literatura Especulativa nacional, além de ter sido uma das responsáveis pela seleção e edição do projeto Faísca, a newsletter semanal de histórias muito curtas que está em sua reta final na sétima temporada e entrará em hiato.
Mas além de ser editora e escritora de ficção, a Fernanda tem uma newsletter. Nesta edição ela fala sobre a resiliência do brasileiro. De como estamos acostumados a conviver com o risco constante, seja de assaltos, de insegurança financeira ou das condições do trabalho, e muitas outras situações que espantariam pessoas do norte global. Mas nós seguimos e somos uma nação muito alegre e receptiva.
Assisto Mandalorian só pela fofura, rs. Ótima edição 💛
Tenho curiosidade e medo de conhecer Las Vegas, mas dos EUA os cantos que eu teria mais curiosidade de conhecer foram os que você listou logo no começo da news. Mas acho que só se o trabalho me mandasse também, porque se fosse pra ir por conta e investir grana e tempo, eu acabaria indo pra outros lugares. Mas me conta, você não jogou nem um pouquinho nos cassinos?