Na edição de início deste segundo ano da newsletter, perguntei sobre o que queriam que eu falasse por aqui e uma das sugestões partiu do meu amigo Anderson Gomes, que sugeriu que eu abordasse meus filmes favoritos da infância. Então cá estou, pra fazer essa coleta de lembranças com vocês.
Eu tenho uma vaga memória de ir com minha mãe ao cinema de Campina Grande, antes de morarmos lá, durante uma viagem de férias, para assistir a Super Xuxa Contra o Baixo Astral. Não é um filme favorito da infância, mas como fui cavucar nesses recônditos da memória, achei que caberia mencionar minhas primeiras experiências no cinema. Esse acho que foi o primeirão.
Lembro da minha mãe me levar também para ver uns dois filmes dos Trapalhões, com certeza entre eles o Os Trapalhões na Terra dos Monstros, que tinha a Angélica e o Conrado (esse nome quase vem atrelado ao período de meados dos anos 80 a meados dos 90 em que este cidadão usufruiu de alguma fama) e O Casamento dos Trapalhões.
E lembro do meu pai, em São Paulo, me levar para ver o primeiro Batman do Tim Burton. E o filme era muito sombrio para uma criança de uns seis anos, então eu pedi para sair no meio. Não lembro de muita coisa, nem dos meus motivos, mas me recordo de estar saindo da sessão com meu pai por não estar gostando. Deve ter sido a única vez que abandonei um filme no meio no cinema.
Até aí nada muito memorável, mas vi pelo menos três longas marcantes no cinema com a minha mãe, todos muito revistos depois pela TV: o primeiro foi Ghost - Do Outro Lado da Vida. Não sei se era ideal para uma criança de uns 7 a 8 anos, mas eu lembro de ter gostado. O segundo foi O Rei Leão, que provavelmente é minha maior memória de uma animação marcante na infância. Vi várias outras, mas tive uma relação diferente das crianças que cresceram com acesso a ver e rever esses filmes. Meu primeiro videocassete chegou quando eu tinha 11 anos mas não tinha uma locadora boa perto de casa nessa época, então não era tão frequente alugar filmes, só quando fui ficando mais velho.
Já o terceiro traz um elemento mais significativo, pois se trata de Meu Primeiro Amor. E eu devia ter uma idade aproximada à dos personagens, então a Anna Chlumsky foi o meu primeiro crush cinematográfico. Eu sonhava com a Vada, sua personagem. A continuação só vi pela TV mas vi e revi ambos muitas vezes, adorava. Curiosamente, são três filmes com músicas marcantes.
Voltando a animações, preciso mencionar Pocahontas. Eu estava em um supermercado com minha mãe e vi o VHS à venda. Mas o que me interessou é que ao comprá-lo, dava pra preencher um formulário e concorrer a uma viagem para a Disney. Não ganhei, mas esse foi meu primeiro filme original comprado. Então vi e revi dúzias de vezes, sabia as músicas, tudo. O clipe da Daniela Mercury cantando com o Jon Secada no final! O longa nem é essas coisas, olhando em retrospecto. Mas era o que tinha à disposição.
Agora o filme que realmente me marcou e à minha relação com minha mãe foi A Noviça Rebelde. Ela amava, então sempre que passava assistíamos juntos. Não faz muitos anos que revi e segue maravilhoso. As músicas são incríveis e a Julie Andrews e o Christopher Plummer encantadores.
Nessa linha da Sessão da Tarde, também vi algumas vezes os dois primeiros Esqueceram de Mim. Gostava mas não amava. Vi Curtindo a Vida Adoidado, mas menos vezes do que deveria. E lembro de ver alguns filmes nessa vibe de jovens em férias, jovens estudantes tentando se dar bem com as garotas, etc. Nada que tenha efetivamente me marcado.
Mas tem dois filmes que foram os meus favoritos desde a primeira experiência e durante muitos anos: Indiana Jones e o Templo da Perdição e Indiana Jones e a Última Cruzada. Os Caçadores da Arca Perdida eu demorei a ver porque na minha época ele já não passava tanto na TV aberta. Mas A Última Cruzada eu lembro quando estreou em Tela Quente. Eu vi dúzias de vezes, vi também vários episódios da série O Jovem Indiana Jones. E durante alguns anos até cogitei ser arqueólogo, de tanto que Indy era meu ídolo.
Também fui muito marcado pelos De Volta para o Futuro, principalmente o 2 e o 3, mas o 1 também, em menor escala. Assim como aconteceu com Indiana Jones, vi e revi todas as vezes que passava na TV. Lembro até da chamada “uma produção de Steven Spielberg”, hahaha.
E falando em Spielberg, Jurassic Park também me marcou, embora eu não tenha visto no cinema. Foi lançado em uma época em que eu só ia ao cinema com minha mãe e ela não gostava desse tipo de filme. Mas lembro de quando estreou na TV e revi várias vezes.
Por último, mas não menos importante, tem os filmes que me fizeram descobrir a minha atriz favorita, a Christina Ricci: A Família Addams 1 e 2, Caçadoras de Aventuras e Gasparzinho. Nesses dois últimos, em especial, decidi que era fã. Tive crush durante um período, mas depois virei só fã mesmo. Falei dela aqui.
E vocês? Contem-me seus favoritos da infância nos comentários!
Ressaca de Oscar
O Oscar passou, a cerimônia foi até divertida e os prêmios não surpreenderam. Errei seis das 23 categorias, mas em cinco delas venceu aquele que citei como possível. Só Maquiagem e Penteado que me surpreendeu de fato, mas foi muito merecida a vitória de Pobres Criaturas na categoria.
E agora que passou, sinto que meu ano de fato tem início. Vamos que vamos!
Um Filme: Duna: Parte Dois
Eu não tenho uma grande relação afetiva com o livro Duna. Não o descobri quando mais jovem, senão talvez fosse apaixonado como sou por O Senhor dos Anéis. Só fui ler quando o primeiro filme do Villeneuve já estava em produção. E até hoje nunca vi o longa de 1984, dirigido pelo David Lynch. Então quando li o livro gostei bastante dos, sei lá, 4/5 iniciais. O pedaço final eu não curti. Enquanto toda a história até ali vai sendo construída gradualmente, num ritmo lento e que permite a apreciação do cenário, das culturas e dos personagens, a reta final atropela mil acontecimentos em poucas páginas. Assim, eu cheguei ao cinema para o primeiro filme com expectativa alta, porque era da primeira metade do livro, que eu tinha amado. E gostei do filme, mas não amei. Achei apressado, apesar de tudo. Alguns personagens vêm e vão sem que os conheçamos direito. E a fotografia me desagradou. Mas ainda assim é um ótimo filme. Então fui ver o segundo com um pouco menos de expectativa e saí da sessão muito admirado. Não só a fotografia é bem melhor que no primeiro, como dessa vez o ritmo funcionou. Há algumas mudanças, principalmente em relação a Chani, personagem da Zendaya, e ao pedaço final, que eu não gosto no livro, e todas vieram de maneira positiva. No cinema, acredito que funcionaram melhor do que se fosse uma adaptação mais fiel. A escala é inacreditável. O elenco é ainda melhor que no primeiro, com a Florence Pugh e a Léa Seydoux fazendo papéis muito interessantes, embora pequenos.
Leia a minha opinião completa sobre o filme no Letterboxd: Duna: Parte Dois
Onde ver: Cinemas
Outros filmes que vi ou revi recentemente:
Duna (Max)
Agente Oculto (Netflix)
Um Livro: Tocaia do Norte, de Sandra Godinho
Poucos assuntos são mais dolorosos na história do Brasil do que o tratamento conferido aos indígenas. Tocaia do Norte aborda um recorte de alguns anos na ditadura militar, em que um padre italiano queria catequizar e pacificar uma violenta tribo da Amazônia, para evitar que fossem massacrados pelo governo. Acompanhamos tudo pelos olhos de João de Deus, um jovem desesperançado que virou seminarista mais por desejo de sua mãe do que próprio, e aprendeu a admirar o Padre Chiarelli e a segui-lo em suas missões.
Leia a minha opinião completa no Goodreads: Tocaia do Norte
Uma Série: For All Mankind, 4ª Temporada
Eu vi muita gente falando que o season finale da quarta temporada tinha sido o melhor, que a série só crescia, e serei obrigado a discordar. Eu acho que todas as temporadas têm seus momentos, mas a quarta foi a mais fraca pra mim. Não quero dar spoilers pra quem ainda não chegou lá, mas tem uns problemas com o envelhecimento de personagens, e um deles em especial eu odeio e não aguento mais vê-lo na série, não faz sentido algum. Agora, claro, isso não quer dizer que seja exatamente ruim a temporada. Eu gosto muito dos saltos temporais e de ver os avanços da humanidade no espaço. Tem alguns personagens que ainda gosto, embora a série decididamente tenha dificuldade para encontrar novas figuras interessantes. Para citar um exemplo: o personagem Gordo é um porre na primeira temporada, mas fantástico na segunda, e o arco de redenção dele é uma das melhores jornadas de toda a série. E coisas assim não existem mais. Dito isso, adoro a Wrenn Schmidt, sempre quero mais dela na série. Minha última reclamação é sobre a forma ultrapassada com que a União Soviética é abordada. Na primeira temporada ainda vai, porque só temos a visão dos EUA dos anos 60 e 70. Mas ao longo da série poderíamos ter tido mudanças nessa conjuntura. Apesar dos pesares, eu gosto da série e espero que o criador consiga fazer as sete temporadas que deseja.
Onde ver: Appletv+
Um Podcast: Suposta Leitura 184 - Spoilers na literatura
Essa discussão levantada pelo Suposta Leitura é uma que me deixa confuso. Digo, eu consigo entender os dois lados, embora me posicione claramente em um. Eu, particularmente, evito spoilers. Chego a ver trailers, leio sinopse, mas é isso. Porém, eu concordo que um spoiler não deveria prejudicar a qualidade de um filme ou um livro. E a prova disso é que eu sigo relendo Agatha Christie mesmo quando lembro quem é o assassino. Mas a experiência de tentar adivinhar e errar só acontece quando não sabemos. E eu gosto de ter essa experiência. Então eu acho sim que a arte sobrevive ao spoiler, mas ao mesmo tempo considero que a experiência de apreciá-la sem muitas informações é diferente, embora não necessariamente melhor do que quando já sabemos o enredo. Enfim, o podcast discute bastante essa questão.
Ouçam no seu agregador favorito ou no link abaixo:
https://pod.link/1167994967/episode/328d5cb8db015330766ed93706ff08b8
Uma Newsletter: Tipo Aquilo #80 – Uma ode ao Microsoft Word, por Cadu Carvalho
Como comentei na própria newsletter do Cadu, me dá um saudosismo falar de Word. Eu sonhei por alguns anos com meu próprio computador, mas em meados dos anos 90 era um artigo caro e para poucas pessoas. Então meu pai insistiu para que eu fizesse um curso de informática antes, para ter certeza de que eu gostava mesmo e que não quebraria esse presente caro. Desta forma, no segundo semestre de 1996 fiz o curso básico, que contemplava MS DOS, Windows 3.11, Word 95, Excel 95, atualização pro Windows 95 e Introdução à Internet. Depois acabei fazendo todos os cursos possíveis (de Computação Gráfica, com Corel Draw, Corel PhotoPaint e PageMaker, de manutenção de computadores, de desenvolvimento de sites web, com o FrontPage, e de Programação em Delphi), mas foi este primeiro que me desenvolveu como usuário de um PC. Anos depois, meu então orientador de Iniciação Científica na Universidade me pedia para formatar todos os artigos dele, porque eu era o ninja do Word. Skills que vão enferrujando, claro. Hoje nem sequer tenho o pacote Office em casa e mesmo no trabalho uso menos. Mas a newsletter do Cadu ressalta a relevância do Word para o mundo das fontes e dos processadores de texto.
Leiam:
Vários filmes que eu também vi durante a infância... O da Xuxa talvez tenha sido meu primeiro no cinema também! 😊
Revi a série DE VOLTA PARA O FUTURO mês passado e foi demais. O "Steven Spielberg presents" realmente é marcante. Comigo foi parecido com a série INDIANA JONES - o primeiro filme não me marcou pq não passava tanto, mas os outros dois foram muito impactantes e tbm lembro quando A ÚLTIMA CRUZADA estreou. E vc desbloqueou memórias com a música da Daniela Mercury e Jon Secada pra POCAHONTAS hahahaa