A resposta curta a essa pergunta é: eu gosto, adoraria jogar mais e, consequentemente, falar mais deles aqui. Mas não dá tempo de fazer tudo, então essas áreas do entretenimento estão despriorizadas na minha vida, porque acabo dando mais preferência a outras, como cinema, literatura, TV, podcasts... Mas essa resposta não renderia uma edição da newsletter, então vou repetir o hábito de contar minha história relacionada a algum tema para chegar na mesma conclusão de forma melhor justificada.
Começando pelos Videogames
Eu devia ter cinco ou seis anos quando ganhei um Atari dos meus pais, no final dos anos 80. Eu não me recordo se eu pedi, se foi escolha deles ou o quê, mas foi meu primeiro videogame. Lembro de jogar Frog, Frostbite, River Raid e Enduro. Certamente joguei outros, mas esses foram os que mais me marcaram. Em 1990 eu me mudei de São Paulo para Campina Grande e por alguma razão lembro de ter usado bem menos o console lá. Nem faço ideia de que fim levou.
Lembro que um vizinho em 1991 tinha um Phantom System e joguei com ele algumas vezes. Me recordo de Pitfall e de um jogo do Rambo, mas novamente com certeza houve vários outros.
Já em 1994 ganhei um Master System Super Compact, uma versão em que o joystick era o próprio console, que vinha com o primeiro Sonic na memória. E aí sim tenho memórias mais vívidas. Não existia como salvar o jogo nessa época, então a gente pausava quando estava indo bem. Me recordo vividamente de zerar Sonic pela primeira vez numa véspera de Natal. Minha avó estava na minha casa e queria ver uma novela do SBT na minha TV porque minha mãe estava vendo Globo na sala e eu não queria deixar porque era a primeira vez que chegava numa determinada fase do jogo.
Lembro de alugar alguns cartuchos para o Master, como Alex Kidd, Moonwalk e até um Mortal Kombat. E também joguei em Mega Drive na casa de um ou outro conhecido. Até que chegou o Super Nintendo. Um grande amigo de João Pessoa tinha um e lá conheci Super Mario World e vários outros jogos.
Na mesma época comecei a frequentar as locadoras. Sim, existia esse ambiente com várias TVs, cada uma com um videogame e duas cadeiras e você pagava por hora pra ficar ali jogando. Ia com outro amigo e jogávamos qualquer coisa que desse pra duas pessoas, especialmente jogos de luta, como Street Fighter, porque era fácil de jogar pouco tempo e sair satisfeito. Essa também foi a época do Superstar Soccer, a primeira e última vez que gostei de jogo de futebol (a não ser que você conte Elifoot, que joguei no computador uns anos depois).
Acho que foi em 1997 que as locadoras do bairro foram substituindo os Super Nintendo por Playstation. Nessa época eu estava frequentando fliperamas, principalmente pelos jogos de luta. Adorava The King of Fighters (KOF) e jamais esquecerei de como eu descobri na Internet (que certamente eu era um dos poucos que usava na região) o código secreto para pegar um personagem no KOF 97 e meu amigo foi a primeira pessoa a usar no lugar onde jogávamos.
Nos Playstation jogávamos também qualquer coisa que desse para dois personagens. Mas especialmente jogos de luta. Também foi nessa época que comecei a assistir pessoas jogando. Lembro de um cara que era bom e jogava os primeiros Resident Evil e Tomb Raider. Juntava gente pra assistir e ficávamos dando palpites. Nessa época a locadora cobrava uma taxinha para deixar seu progresso salvo nos cartuchos de memória.
Tomb Raider, em particular, me encantou muito. Eu era fã de Indiana Jones, então decidi juntar dinheiro e comprar a versão para computador. Eu nunca mais tive novos consoles de videogame, o último foi comprado há 30 anos. Mas eu tinha o computador. E dei um jeito de jogar com meu amigo. Eu controlava os movimentos da Lara Croft, ele pulava e atirava, hahaha. Era realmente cooperativo. Jogamos até o final.
Em 2000 começa a minha história com RPGs, mas como essa é mais curta, terminarei a dos videogames primeiro. Nessa época fizemos amizade com um cara que tinha um Playstation. E aí passamos a jogar na casa dele. Depois ele teve um Playstation 2 e em seguida um Dreamcast. Jogávamos muitos jogos de luta ainda, às vezes algum outro que dava pra jogar em várias pessoas, como Gauntlet Legends ou Power Stone. Mas era comum estarmos em cinco pessoas e com jogos de luta dá pra ir revezando.
Depois que vim para Brasília fui jogando cada vez menos. Esse mesmo amigo veio pra cá antes de mim e até hoje joga. Durante alguns anos marcamos de jogar umas poucas vezes no Playstation 3, em algum X-Box e sei lá mais em qual. Joguei num Wii umas poucas vezes também. E cheguei a me animar para jogar no PC pela Steam alguns anos atrás, mas acabei jogando apenas To the Moon e comprando uma coleção dos Tomb Raider clássicos que ficaram mofando na minha conta.
Então hoje eu não tenho nenhum jogo no celular e é muito raro jogar alguma coisa, só se estiver na casa de algum amigo que jogue e ele me chamar. Eu acho que gostaria muito de jogar alguns J-RPGs, lembro de ter jogado uma boa metade do Final Fantasy VII uma vez, via emulador. O que me lembra que também joguei os Pokémon Red e Blue via emulador do Game Boy, quando basicamente só existiam esses dois. Claro que joguei Pac-Man, Tetris, Pong, esses grandes clássicos do passado. Mas pouco. Queria jogar mais, quem sabe um dia?
E os RPGs?
No ano de 2000 eu estava louco pra aprender a jogar RPG e não sabia como. Não achava fácil de jogar com o que eu lia na Internet. Então, quando tive um grupo de amigos, um deles sabia e nos ensinou e montamos uma campanha num sistema de GURPS simplificado. Durou pouco, principalmente o tempo de uma greve da Universidade.
Depois me interessei por Vampiro: A Máscara e comprei o manual. Em fevereiro de 2001 tive a chance de jogar num evento de RPG e até participei de um live-action. E no mesmo ano montei uma mesa com uns amigos e assumi o manto de mestre, tendo jogado meia dúzia de partidas, mas pelo menos eu era quem mais sabia das regras na época. Foi meio desastroso, mas rendeu alguns bons momentos.
Pouco depois joguei D&D no mIRC, com um amigo mestrando. E foi uma experiência ótima, talvez a melhor que tive com RPG. Mas por alguma razão eu acabei tendo que desistir, talvez falta de tempo. Joguei mais algumas partidas de Vampiro, me apaixonei por Mago: A Ascensão mas faltava tempo pra jogar. Joguei RPGs simplificados baseados em X-Men e Matrix. Nada disso foi duradouro, nunca estive numa campanha por mais de seis meses, por exemplo.
Já em Brasília pude jogar Mago uma vez, mas durou uns três encontros apenas. Nem lembro bem porque paramos. Ainda acho RPG muito interessante, mas na correria da vida adulta é muito difícil encaixar um time. Eu toparia ter um que joga tipo uma vez por mês. Mas não gostaria de mestrar, só jogar, para ser bem leve na minha rotina. E hoje acabo ocupando esse espaço com um grupo que se encontra pra jogar jogos de tabuleiro, o que é bem legal também.
Mas eu sei que tem vários gamers e RPGistas me acompanhando. O que vocês gostam de jogar? Com que frequência?
Um Filme: Robô Selvagem
Quanto mais eu penso sobre a animação Robô Selvagem, mais eu gosto. É uma história aparentemente simples, com uma mensagem que funciona para crianças e adultos, mas esconde em suas camadas uma reflexão mais complexa do que o habitual em animações, sobre maternidade, comunidade, IAs e corporações. Os três personagens centrais são bem desenvolvidos e adoráveis. Uma mistura de técnicas na animação, com alguns personagens e cenários emulando traços mais tradicionais e 2D, resulta em belas e fluidas paisagens.
Leia a minha opinião completa sobre o filme no Letterboxd: Robô Selvagem
Onde ver: Cinemas
Outros filmes que vi este mês:
Entrevista com o Demônio (Netflix)
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice (Cinemas)
Uma Série: Os Anéis do Poder - 2ª Temporada
Eu admito: essa série é meio que uma farofada. Embora os figurinos sejam excelentes e a maior parte dos cenários também, há alguns atores esquisitos e irregulares. E há certas decisões questionáveis sobre os rumos de parte das tramas. Dito isso, eu adoro. Sou apaixonado por esse universo do Tolkien na medida certa para me interessar pela série mas não ficar incomodado com as mudanças. A segunda temporada foi similar à primeira, no sentido de ter as mesmas qualidades e os mesmos defeitos. A parte dos anões continuou sendo a melhor. E no geral eu gostei de ver as tramas avançando. O Rory Kinnear faz uma participação muito divertida, que certamente foi divisiva para os fãs. O que mais me incomodou foi uma cena grande de batalha muito mal filmada, que tinha tudo para ser épica e foi apenas ok. Mas sigo animado para as próximas temporadas.
Onde ver: Amazon Prime Video
Um Podcast: Rádio Escafandro 124 - Os falsos gringos
Eu não era ouvinte do podcast Rádio Escafandro. Sabia da existência, até tinha curiosidade, mas como sempre tenho muitos podcasts na fila, não tinha chegado a assinar o feed. Até que amigos em mais de um grupo recomendaram essa edição 124 sobre o fenômeno hoje conhecido como falsos gringos, em que músicos brasileiros usavam nomes estrangeiros para fingirem ser de fora e permitir que as gravadoras lucrassem com vinis supostamente internacionais nos anos 60 e 70. Fiquei maravilhado com a história, com os entrevistados e com a revelação de que determinada música em inglês que conheço desde criança é na verdade brasileira.
Ouçam no seu agregador favorito ou no link abaixo:
https://radioescafandro.com/2024/10/08/124-os-falsos-gringos/
Uma Newsletter: Ponto Nemo - Escrita & Insanidade, por Arthur Marchetto
Nesta edição da Ponto Nemo, o Arthur Marchetto reflete sobre sua jornada como artista até então e sua vivência da arte, partindo do livro O perigo de estar lúcida, da Rosa Montero, e entrelaçando a análise com um relato extremamente pessoal sobre sua irmã. Eu tendo a gostar de tudo que o Arthur escreve, mas essa reflexão sobre a arte provocou em mim o desejo até de escrever a respeito também.
Leiam:
Sou um GURPista, embora tope jogar qualquer sistema se houver a chance. Não jogo faz muito tempo mas sigo fuçando livros, visitando as comunidades on-line de RPG e principalmente montando planilhas, pedaços de cenários e coisas que mestres de RPG acabam por pegar gosto em fazer. Acho RPG algo fascinante, mas de fato não encaixa muito bem na vida de hoje. Atualmente tenho por hobbie montar um cenário de Cyberpunk uma coisa por vez, uma ideia aqui outra ali, um NPC, um comércio, uma parte da história por vez. Algo que me aaixonou em GURPS é essa caracteristica de "lego" com peças genéricas. RPG exige tempo em muitas formas: tempo para preparações, tempo para as sessões (chegavam a 8h contínuas quando eu jogava na faculdade), tempo compativel com o tempo de outras pessoas, que no geral torna tudo muito mais dificil, e etc. É muito recompensador quando dá certo, mas também pode ser muito frustrante e cansativo quando dá errado, considerando o "investimento" que toma.