Minha mãe em janeiro vai completar 80 anos. Como ela adora praia e ocasionalmente reclama de não ter companhia pra ir a alguma, decidi dar de presente uma viagem ao litoral alagoano, mais especificamente Maragogi e Barra de São Miguel.
Estou nesse momento redigindo de terras alagoanas, pois a viagem ainda está em andamento no dia de publicação desta edição. Tive que recorrer a este expediente porque a agenda da newsletter já está ocupada pelas próximas quatro edições, ao passo que eu ainda não tinha tema para esta e também achei que contar da viagem só daqui a quase dois meses seria muito longe. Então peço desculpas por deixar de fora os últimos momentos do passeio.
Maragogi
Eu havia passado um réveillon em Maragogi, de 2006 pra 2007, meu último final de ano nordestino antes de me mudar para Brasília. Na ocasião fui com minha mãe e dois amigos e alugamos uma casa por uns cinco dias.
18 anos depois e outra realidade financeira, resolvi fazer deste primeiro pedaço da viagem o mais confortável. Reservei quatro diárias na Pousada Barra Velha, que fica no extremo norte dos limites territoriais de Maragogi, e, aliás, de Alagoas, pois da pousada pra fronteira de Pernambuco dá coisa de 1 km.
Essa pousada foi descoberta por meu tio, já falecido, há cerca de 20 anos. O ponto mais forte é o atendimento, a equipe é toda de uma solicitude ímpar, começando pelo proprietário, Seu Lula. Quando descobriram que a viagem era pra celebrar os 80 anos da minha mãe, se prontificaram a fazer um bolo e cantar parabéns pra ela. A pousada tem bom café da manhã e o restaurante fica aberto o dia todo com pratos à la carte. Algumas vezes na semana tem música ao vivo, normalmente voz e violão. E, claro, é de frente para a praia. Ficamos hospedados nesse charmoso bangalô:
Fizemos um passeio de jangada pras piscinas naturais, incrível. Dá pra nadar com os peixinhos e a água é super transparente e morninha. Também fomos à maravilhosa Praia de Antunes, uma das mais famosas de Maragogi. E visitamos a cidade em si, claro, onde nos hospedamos da outra vez.
O mar de Maragogi é o melhor possível, sem ondas, transparente e com águas mornas. Na Praia de Peroba, perto da pousada, é mais raso, consegue-se entrar bastante sem a água cobrir. Já Antunes afunda mais rápido. Em Antunes ficamos no Bar Quiosque Praia de Antunes, talvez a melhor barraca de praia dessa viagem até então, com estacionamento, garçons atenciosos, mesas e cadeiras confortáveis e boa comida.
Eu queria ter dado uma passada em Japaratinga mas não deu tempo, é bom que ficam motivos para retornar.
Barra de São Miguel
De Maragogi descemos pelo estado até passar de Maceió e chegar a Barra de São Miguel, cidade famosa também por seu mar calmo, protegido pelos arrecifes.
Comecei não gostando muito, pois a pousada é bem mais simples e o mar mais frio. Mas, conforme os dias avançaram, peguei gosto. E a localização é privilegiada para conhecer outros lugares, como o Gunga, uma ilha de coqueiros que visitei no dia da publicação dessa edição, ou a Praia do Francês, cujo mar devo conhecer só amanhã mas fui à noite jantar na La Rue.
A La Rue é uma rua que foi trabalhada para ser um ponto turístico, repleta de restaurantes e lojas e decorada conforme a época. Uma versão nacional da Frémont Street, de Las Vegas, com menos neon, sem cassinos ou gente alternativa, mas maior variedade de restaurantes.
Hoje fui no Gunga. Trata-se de uma fazenda de coqueiros às margens da Lagoa do Roteiro, que a separa de Barra de São Miguel. Como a orla não pode ser privada, a praia da fazenda tem visitação pública e o proprietário acabou se rendendo e fazendo um estacionamento pago para o lugar. Tem um mirante legalzinho, com vista dos coqueiros e do mar. Tem passeios de buggy e quadriciclo pras falésias, que não me interessaram (vi falésias similares dois anos atrás em Pipa, no RN).
Então eu estava ali mesmo é pela praia. Tinha ouvido falar de piscinas naturais, mas não foi o que encontramos, acredito que porque a maré estava mais cheia. Pelo contrário, as ondas quebravam com força e depois o mar puxava muito. Mas depois de passar essa dificuldade inicial, a água estava maravilhosa, clarinha e morninha, muito agradável. Ainda falta ir ao Francês, mas no geral o Gunga foi o lugar que menos curti para banho, acho que mais devido ao hype de muitos anos ouvindo falar.
Não me interessei muito por frequentar as praias da capital Maceió porque são muitas vezes rotuladas como impróprias para banho, mas tive a oportunidade de passar de carro e o calçadão é muito bonito. A Pajuçara, em particular, me lembrou bastante a orla de Boa Viagem, em Recife.
Eu pretendia ir ainda até a fronteira sul e fazer um passeio de barco na foz do Rio São Francisco, mas acabei desistindo porque já tinha muita coisa e o interesse da minha mãe é principalmente tomar banho na praia.
Conclusão
No geral o litoral alagoano é muito bonito, de fato um Caribe brasileiro, com águas límpidas, muitos arrecifes formando piscinas naturais e também várias formações de corais. Recomendo principalmente Maragogi, que segue impecável.
Barra de São Miguel tem uma estrutura mais esquisita, são poucas as pousadas realmente bem localizadas. E a oferta de restaurantes não é extensa, bem como as barracas de praia são basicamente fora da areia da praia e na areia colocam mesas e cadeiras mas trazem os pedidos de fora. Achei esquisito, isso, e tem barracas bem simples, que só servem bebidas e batata frita, por exemplo.
Estão na moda em ambos os lugares os beach clubs, que oferecem mais infraestrutura, como música ao vivo, piscina, brinquedoteca, etc e cobram um valor de day-use. Não senti vontade de conhecer algum de perto.
Fiquei curioso pra me hospedar, de uma próxima vez, na Praia do Francês. Fugi dessa ideia porque a maior parte das pousadas eram mais distantes da praia e eu queria muito do lado. Mas não acho que esse seja um problema grave e a oferta de restaurantes da La Rue parece compensar esse quesito.
Vocês conhecem a região? Tiveram uma impressão diferente da minha?
Um Filme: Ainda Estou Aqui
É verdade que o novo longa do diretor Walter Salles foca numa história de classe média alta na Ditadura. Mas essas histórias também têm sua relevância e, independentemente disso, o trabalho do diretor neste Ainda Estou Aqui vai além desse mérito ao nos contar a história de uma família, seus últimos passos com o pai/marido presente e os primeiros sem ele. O filme funciona porque a construção dessa família é feita com muita habilidade, pelo elenco, pelos cenários, pelo figurino, pela escolha de músicas. E, claro, a Fernanda Torres oferece um espetáculo, que vai da gestora do lar à advogada, passando por muita coisa no meio.
Leia a minha opinião completa sobre o filme no Letterboxd: Ainda Estou Aqui
Onde ver: Cinema
Outros filmes que vi este mês:
O Dublê (Amazon Prime Video)
Um Livro: Teoria Geral do Esquecimento, de José Roberto Agualusa
Esta obra muito bem escrita do angolano descendente de portugueses José Roberto Agualusa conta uma história que poderia ser real, um caso particular durante a revolução independentista do país. Ludovica, uma mulher que já tinha uma vida difícil, acaba se vendo isolada no apartamento do seu cunhado durante décadas, sem saber o que acontece do lado de fora. Aos poucos conhecemos outros personagens e como a história deles se entrelaça com a de Ludo.
Leia a minha opinião completa sobre o livro no Goodreads: Teoria Geral do Esquecimento
Outros livros que li este mês:
Um Podcast: Fio da Meada 5 - Caetano Galindo quer a língua viva
Meu sonho era ganhar na Mega-Sena e montar uma incubadora de podcasts, sem fins lucrativos. A Rádio Novelo não é exatamente isso, mas também é uma empresa que existe porque a proprietária, Branca Vianna, é casada com um bilionário (João Moreira Salles, irmão do Walter citado há pouco). E além de editar alguns podcasts, lançar minisséries ocasionais e manter o Apresenta, a equipe lançou o Fio da Meada, um podcast de entrevistas conduzido pela própria Branca. Nesta quinta edição, ela conversa com o professor e pesquisador Caetano Galindo sobre seu livro Latim em Pó e o fato das línguas serem vivas.
Ouçam no seu agregador favorito ou no link abaixo:
https://radionovelo.com.br/originais/fiodameada/caetano-galindo-quer-a-lingua-viva/
Uma Newsletter: Cartinha da Isa, por Isabel Wittmann
Eu nunca havia trazido a newsletter do Feito por Elas aqui por se tratar de um produto específico para apoiadores do projeto. Mas com a excelente cobertura que a Isabel fez da Mostra SP, enviando edições mais frequentes com seus textos sobre os filmes, decidi que valeria a pena, mesmo que a título de sugestão de que compensa continuar apoiando, apesar do fim da periodicidade regular do podcast.
Leiam:
Essa newsletter é exclusiva para apoiadores do projeto Feito por Elas, apoie em https://feitoporelas.com.br/apoie/
Estou atrasada na leitura das suas newsletters, mas adorei essa aqui. Que sua mãe tenha uma vida saudável e longa! Tudo de bom para vocês! E quero conhecer Maragogi um dia, amo praia e adorei suas fotos, parece sensacional!
uma vez peguei o carro com conja e fui subindo de Salvador pra cima, paramos em Aracajivis, e ai fomos pra Maceió. A gente ia passar 3 dias e ai fomos ficando, fomos em Maragoni, fomos ficando, quando vimos a gente estacionou em Alagoas e não fomos mais embora.
Eu tinha ido antes no final dos 80 quando criança e porra, Alagoas eu gosto de tudo, menos do CSA